Foram os melhores, talvez os mais importantes, os anos que passei aqui.
A escola dos C's. A faculdade sem portas de entrada e os edifícios antigos, onde se entrava pelo piso 2 e nem sequer havia o piso 0.
A faculdade das ciências. A faculdade dos números. Foram 6, os anos que por aqui passei. Hoje não tenho a certeza de ter feito a escolha certa, nem sei se muitos o saberão. Por via das dúvidas, juntei-me a outra faculdade, do outro lado da alameda. Para tentar vencer os medos, as fragilidades. Tento dar peso aos outros saberes.
Ainda somos um país que valoriza o ter, em vez do ser, do saber, ou até mesmo do querer saber. Não posso é ficar parado e perder oportunidades. Adaptar-me ao que me rodeia, e no meio da construção, mesmo que confusa, fazer parte dela.
Não importa tanto de onde se vem, mas sim onde fazemos falta. E aí pergunto, existe alguém que pense no país e perceba quais são as áreas estratégicas onde é preciso investir? E existe alguém capaz de tirar a ilusão a milhares de estudantes que acreditam nos seus próximos anos?
Penso nisto como uma equipa de futebol. Não numa que tem de ganhar o campeonato desse ano, mas sim numa que quer ganhar todos os anos. Numa equipa que se renova, que se complete, que se melhore todos os anos.
Vejo-os passar, já começo a poder dizer isto. Já tenho memória suficiente para o fazer. Vejo-os mudar de cor, mudar de forma, mudar de número, mudar de parcerias, mas..ainda não me dei conta de ter visto alguns a pensar, a servir, a gerir, como era suposto.
Cada um tem o que merece, diz-se. Talvez seja assim, mas porque será que nos conformamos? Porque será que gritamos com quem nos atende e não passamos daí. Porque será que deixamos o que nos importa para os outros? Porque será que ninguém repara na escola das ciências, dos números, ou para a das letras, das leis, e diz a estes jovens o que querem deles? Porque será que ninguém os chama a ser o que realmente são, não o futuro, mas o presente? É que não importam os próximos anos se o que fazemos hoje não vai ter consequências. Não importam os próximos anos quando o nosso investimento pessoal não serve à confusa construção. Não importam os próximos anos se o que fazemos serve apenas para lá chegar, e mais tarde, resignar-mo-nos, e deixar-mo-nos levar pela corrente.
"Remar! Remar!
Forçar a corrente!"