domingo, dezembro 17, 2006

WOK, Ritmo Avassalador

Fiquei rendido.


Há muito que ouvi e vi o aparecimento do projecto tocá rufar, que teve o seu ponto alto na abertura da Expo 98. Muito são as feiras e espectáculos em que aparecem e deixam rendidos outros tantos espectadores.

Hoje assisti a um dos vários projectos englobados no tocá rufar, WOK, Ritmo Avassalador. Pode parecer, à primeira vista, uma "cópia" de Stomp. Não é! É ritmo puro, envolto por um imaginário tribal. Ouve-se e acompanha-se com palmas, aqui quase sempre no tempo certo (o que é raro em Portugal. Não me lembro de ter assistido a um concerto em que os tempos das palmas não se tenham perdido).

Fiquei impressionado. Aquele grupo (enorme) de rapazes e raparigas que tocavam tambor de vermelho e branco transFormou-se. Hoje têm 4 espectáculos diferentes, 4 oficinas de formação, site, loja online, etc, etc...

Transfiro os meus aplausos de hoje há tarde para aqui. É bom saber que os sonhos se podem realizar, mesmo que para ser ouvido tenha de se bater forte o tambor.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

...rotinas.

It's not hard to grow,
When you Know that you just don't know.

Passo praticamente todos os dias em frente à Faculdade de Ciências. Umas vezes mais apressado, mas até mesmo nessas, não deixo de espreitar. Acho que o faço mais vezes hoje do que no último ano. Crescer tem destas coisas. Chegamos a um sítio novo, estranhamos. Demora um tempo, mas adaptamo-nos. Depois somos nós os mais velhos, recebemos. Criamos a rotina, conhecemos todos os lugares, todas as pessoas. Inventamos truques e atalhos para conseguir chegar mais cedo, ou simplesmente para não chegar mais tarde :) Quando achamos que estamos no "nosso" espaço, perfeitamente adaptados, muda-se.

Cheguei a um novo sítio, apesar de já ter passado a fase de estranhar, treme-se. Adaptei-me, mas continuo a ser dos mais novos.

Já tinha sido assim antes, e antes do antes também. São ciclos. Servem para...quebrar a rotina?
Ás vezes penso que sim, mas...nós precisamos de rotinas, precisamos de ter algo certo no nosso dia, para ganharmos confiança de um dia mais tarde...quebrar, arriscar o salto. Arriscar um salto. Talvez tenham uma explicação, ou talvez não. Talvez sejam tão certos como as rotinas que criamos. Porquê?

Porque crescemos. E que seja assim incerto, desde que o saibamos, desde que nos adaptemos, desde que quebremos as rotinas de tempos a tempos.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Cannonball

there’s still a little bit of your taste in my mouth
there’s still a little bit of you laced with my doubt
it’s still a little hard to say what's going on

there’s still a little bit of your ghost your witness
there’s still a little bit of your face i haven't kissed
you step a little closer to me
so close that i can't see what's going on

stones taught me to fly
love taught me to lie
life, it taught me to die
so it's not hard to fall
when you float like a cannonball

there’s still a little bit of your song in my ear
there’s still a little bit of your words i long to hear
you step a little closer each day
still i can’t say what's going on

stones taught me to fly
love, it taught me to lie
life taught me to die
so it's not hard to fall
when you float like a cannon..
stones taught me to fly
and love taught me to cry
so come on courage
teach me to be shy
cause it's not hard to fall
and i don't wanna scare her
it's not hard to fall
and i don't wanna lose
it's not hard to grow
when you know that you just don't know






Esta é uma daquelas músicas que consigo ouvir, ouvir sem parar. Tem uma daquelas letras que não me canso de ler. Para os dois casos...quem me dera ter sido eu a criá-los.

Como em qualquer outra música, muitas serão as interpretações, muitos são os lugares para onde somos levados. Tudo depende das lembranças que os sons e as palavras nos trazem.

Que se criem mais músicas assim, mas que existam as lembranças para as querermos ouvir, ler, que existam pelas viagens.

quarta-feira, novembro 15, 2006

"9" com as novas 10 de Damien Rice

Sons de embalar...

Damien Rice - 9

Damien Rice está de volta. As músicas podem ser melancólicas. Mas com o frio que faz lá fora e com a chuva que cai...haverá algo melhor?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Quantos dias tem um mês?

Intriga-me esta ideia de que os meses têm dias diferentes.

Fui-me informar e fiquei a conhecer a evolução dos calendários. Gregos e Romanos, como sempre, calendários lunares e solares...o ano bissexto, já naquela altura (depois de algumas correcções).

De dez meses para doze...

Veio o calendário Juliano...e os 365 e 366 dias por ano.

A meio do sec. XVI, um novo calendário...o Gregoriano. O finalmente! É este o nosso, como o conhecemos. Com os 365 e 366 dias por ano, os meses com 31 e 30, e mais o coitadinho do Fevereiro que tem 28 ou 29. Está bem, foi o último a chegar, mas...

Não percebo, alguém me explica porque não fazem uma redistribuição de dias...solidariedade no calendário. Não?
É que dá...
Ora vejam, 30x12=360, certo?
Sobram 5 ou 6 dias, conforme o ano é bissexto ou não. Dá para distribuir estes dias por 5 ou 6 meses. Podia ser...
Janeiro, Março, Maio, Julho, Setembro (31);
Novembro (30 ou 31);
Fevereiro, Abril, Junho, Agosto, Outubro, Dezembro (30).

Que acham? Que tal uma petição para uma redistribuição dos dias do mês mais justa?

sexta-feira, novembro 03, 2006

Marcos importantes...

Na política, a queda do muro de Berlim.

Na religião, a Vida e Morte do Papa da minha geração, João Paulo II.

No Desporto, os títulos 18 anos depois.

Na televisão, o "Marco" da Heidi

Na música, o "Marco" Paulo.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Shisha Pangma, "O Trono dos Deuses"

A conquista de mais um pico do Mundo...Shisha Pangma

“Um cume de 8000m é como uma maratona ininterrupta, pode durar um dia…, o cume é sempre um bónus…, ainda é preciso descer…”. João Garcia


Este cume fica marcado pela perda de um dos elementos da equipa, o Bruno. A montanha tem destas coisas. O desafio enorme aos nossos limites, às nossas capacidades... “Ele era a alma de qualquer expedição!”...que descanse, no "Trono dos Deuses".


Os 14 mais:
Everest 8.848m 1999
K2 8.611m
Kangchenjunga 8.586m 2006
Lhotse 8.516m 2005
Makalu 8.463m
Cho Oyo 8.201m 1993
Dhaulagiri 8.167m 1994

Manaslu 8.163m
Nanga Parbat 8.125m
Annapurna 8.091m
Gasherbrum I 8.068m 2001
Broad Peak 8.047m
Gasherbrum II 8.035m 2004
Sishma Pangma 8.013m 2006

quarta-feira, outubro 04, 2006

Ilusão

Foi controversa a mudança de teoria.

Toda agente via, e ainda hoje vê, o Sol "levantar-se" e "pôr-se". É pura ILUSÃO! Está provado, e nós acreditamos.

Para nós, hoje, é ridículo pensar o contrário, mas há quem assim queira ver o Mundo. Há quem prefira ver o que os olhos lhe dizem sem usar a inteligência. Há quem prefira...talvez por medo de saber que as verdades, científicas ou não, acabem por nos revelar que o nosso mundo não é tão claro como nós pensávamos.

quarta-feira, setembro 13, 2006

11 > 1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1

Quando o sonho e a ambição são maiores que os euros, o resultado só podia ser uma impossibilidade matemática.

Frase velha, muito usada, mas não é por acaso. É bom quando a vitória cai para o lado da melhor equipa. Nem sempre assim o é. Houve uma altura em que, irritado com a fraca exibição do Inter (pouco futebol, muita provocação e protecção de "grande europeu"), gritei para que jogassem à bola...felizmente não me ouviram ;)

Procurei fotos, porque uma imagem vale mais que mil palavras...


...não deve ser por acaso...olha que três. Que golo à ponta de lança do central-lateral Caneira, que exibição do central-que não se importava de ser lateral, desde que jogasse-trinco Miguel Veloso...e que qualidade do gigante Moutinho. Injusto o amarelo, e logo por suposta falta ao pequeno Vieira. Diziam eles (da nacionalidade do senhor Vieira) que éramos simuladores... agora rio-me eu.

Para o fim a frase do costume...ainda não ganhámos nada, mas bolas...

Força Grande Sporting!

Agora já percebi porque o bilhete de época é, relativamente, barato. Para ver jogar os juniores...o melhor é não ficar, mesmo, em casa.

domingo, setembro 10, 2006

..foi assim

I will scream my lungs out till it fills this room

And wherever you've gone... and wherever we might go...
It don't seem fair...today just disappeared...
Your light's reflected now,... reflected from afar...
We were but stones,... your light made us stars

quarta-feira, setembro 06, 2006

Que grande a onda de ontem.

The waiting drove me mad...you're finally here!


Aqui estou, cansado, mas daqueles bons cansaços. Afinal, foram mais de 2h30 a ouvir, a cantar, a saltar... como imaginei.


Fomos um público fácil, muito fácil mesmo, mas eles fizeram por nos ter na mão, desde o início até ao fim. Um, cada vez mais, enérgico e comunicativo Eddie. Dos outros, um pouco do mesmo, o Mike, como se não fosse nada com ele, levantava os braços entre os acordes, parece o miudo da banda. O Matt Cameron, sempre o primeiro a aparecer e que deve ter sido dos poucos a "ver" este concerto sentado. Presenteou-nos com um solo de bateria...no Even Flow, quem diria? Do Boom, pouco conheço, apenas imagino o que deve curtir estar com estes "putos". Para o fim, os "profissionais" da banda, Stone e Jeff, que cometeram a ousadia de trocar de posição, "pela primeira vez" dizia o Eddie (e num claro português).


Essa foi uma razões pelas quais ele sempre nos conquistou, o esforço para falar...na nossa língua. Desta vez, quando todos esperávamos, mais um..."sorry, my portuguese is s**t", ele abre um papel e discursa, em português de portugal. Não é que só o faça connosco, mas é revelador do carinho que tem pelo público deles, sejam eles de onde forem. É claro que nós temos as ondas ;) Mais tarde mostrou-nos "o" cavaquinho que lhe tinham oferecido..."vou guardá-lo junto da minha secretária em Seattle e recordar-me sempre de....vós."

Em bom português, Sr. Eddie, nós é que agradecemos. Pela entrega, pela nossa bandeira nas tuas costas (coisa muito lusa, esta do "orgulho" pela bandeira) e por nos teres deixado cantar sozinhos a primeira parte do Betterman, e tantos outros refrões.

Hoje que é dia de folga...devem estar pela praia, no meio da nossa espuma, do nosso sol. Como da outra vez, como sempre.

Em 2000, ía entrar para geologia. Agora, estou mesmo de saída.

It's Evolution, baby.

Espero não ter que fazer outro curso para vos ver de novo por cá.

We miss you already.... we miss you always

This is how we feel...


Deixo a notícia do público e o set list de ontem...

Dois concertos no Pavilhão Atlântico
Pearl Jam: uma banda com boa memória
06.09.2006 - 02h57 Silvia Pereira PUBLICO.PT

Um só concerto não chegava para colmatar a espera de seis anos, desde que Portugal viu os Pearl Jam pela última vez. Eram precisos dois concertos. Ou mais. Mesmo com alinhamentos intermináveis e dois encores cada, a sede cresceu ainda mais, ainda que fossem precisas poucas canções para a matar. É assim quando há tanta música para servir, fãs tão conhecedores e tanta empatia entre uma banda e o seu público. Foram assim os concertos dos Pearl Jam no Pavilhão Atlântico, ontem e anteontem à noite.

Não foram dois concertos iguais. Longe disso. Sabia-se que iam ser diferentes. Os alinhamentos da digressão de promoção ao recente álbum homónimo estavam constantemente a mudar, como quem carrega no botão de um computador para distribuir as músicas aleatoriamente pelas diferentes cidades. Mas não pode vir de um computador a sensibilidade com que escolheram determinadas músicas para Lisboa – como "Last kiss", com Eddie Vedder no centro da plateia, tocada sem falhas no equipamento (ao contrário do que aconteceu no Restelo, no que acabou por ser um dos momentos mais lembrados dessa noite).Era, por isso, fácil encontrar caras repetidas na audiência. Os Pearl Jam não andam só a tocar praticamente toda a discografia – andam também a tocar temas que raramente tocavam. Perder a oportunidade de ouvir "aquela" música não foi, para muitos, uma possibilidade. A escolha compensou: poucas músicas repetidas e imensas recordações que só os fãs mais atentos – todos? – conhecem. Interessante era também fazer o exercício de imaginar como seriam estes fãs há uns anos, no auge do grunge, de cabelos compridos e camisas de flanela. O rumo da história do rock podia ter ditado o fim do sentido de bandas como esta. Mas os fãs cresceram. E a banda também, provando que está muito para lá desse movimento de Seattle a cuja etiqueta está inevitavelmente atada. Os Pearl Jam têm o seu próprio mundo. Umas vezes introspectivo, outras politicamente activo, mas sempre apontado à pura comunhão. Um mundo de braços abertos, capaz de deixar dois pavilhões atlânticos num gigantesco sorriso colectivo.


Lisboa - Pav. Atlântico - 5/9/2006


Set 1
Severed Hand, Corduroy, Hail Hail, Save You, World Wide Suicide, Dissident, Even Flow, Army Reserve, Whipping, State Of Love And Trust, I Got Id, Garden, Do The Evolution, Sad, Daughter(It's Ok), Insignificance, Black, Rearviewmirror
Encore 1
improv, Come Back, I Believe In Miracles, Big Wave, Once, Footsteps, Alive
Encore 2
Wasted Reprise, Better Man, Smile, Why Go, Rockin' In The Free World, Yellow Ledbetter

terça-feira, setembro 05, 2006

Quando os teus ídolos te vêm visitar!


Por certo estarei aqui de novo, amanhã, para vos falar de como foi...

Mas o como há-de ser também é importante quando se fala de um concerto como os de hoje e ontem.
Não fui ontem, tenho pena, queria ir a todos. É diferente quando se está lá, ao vivo. Sem auscultadores e sem que a minha mãe me peça para baixar o volume...por que os vizinhos...

Perguntaram-me qual era o fenómeno Pearl Jam. Sinceramente, não sei. Uma questão de identificação, com o som, com a mensagem, com a imagem... Gosto! Especialmente do Eddie. Ouço sempre os albuns novos quando saiem, no primeiro dia. Vou ver quem fez esta ou aquela música, começar logo a cantá-la. É quase certo, as do Eddie, estão no meu top. Já para não falar dos ínumeros covers, que acho que ficam sempre melhor naquela voz.



Logo, vou saltar, vou-me emocionar, vou cantar bem alto...


And the doors are open now

as the bells are ringing out

Cause the man of the hour is taking his final bow

Goodbye for now.

Parabéns Mamã!

Ontem houve festa lá em casa.

Direito a bacalhau com natas, bolo da bolacha, bolo de anos e um pudim, que não provei.

No bolo de anos, 58 era o número. São muitos, mas já só consegui apanhar os últimos 25...desculpa lá mãe.

um beijinho para ti, aqui por entre as penas desta coruja.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Quando os heróis se tornam grandes numa derrota.

Não sou seguidor do tenis, mas como amante de desportos, nunca me passou ao lado. Lembro-me da admiração do meu padrinho pelo André Agassi. Percebia que era bom, mas gostava de outros.
Li sobre a despedida, sobre a forma como perdeu diante de um "qualifier", mas o que tocou foi a forma como se despediu, de todos, independentemente do adversário, do resultado.


Naturalmente emocionado, as primeiras palavras de Andre Agassi após o último jogo da carreira foram dirigidas, ainda em pleno court, aos fãs. “O placard diz que eu perdi, mas não diz o que conquistei. Ao longo de 21 anos ganhei convosco inspiração, lealdade e generosidade. Foram vocês que me deram o ombro para eu alcançar os meus sonhos, mesmo aqueles que pareciam impossíveis e que sem vós jamais alcançaria. Guardarei esses momentos para o resto da vida”, agradeceu, em lágrimas.

in Record.


Tenho a sorte de poder partilhar o que já aprendi. Aos mais novos sempre lhes ensinarei a lutar pelo que querem, com a confiança de quem quer vencer, mas nunca deixarei passar em branco a nobreza de quem sabe perder, e continuar a ser Grande.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Acordares...

Não é a primeira vez que escrevo sobre o nascer do sol. Espero que não seja a última. É que há momentos pelos quais vale a pena o sacrifício.

Mais uma vez nos escuteiros. Por muitos nasceres do sol que se vivam, são sempre diferentes. Se antes tive a sensação de que era eu a dar o "bom dia" ao dia, desta vez era mesmo a minha obrigação. Dizer o "bom dia alegria!" aos 20 exploradores ensonados e muito pachorrentos que dormiam muito serenamente em Monsanto.
Já tínhamos feito o mesmo o ano passado, acordar cedo, ver o nascer do sol...e caminhar. É o melhor dia! É o melhor do dia! Até é mais fácil o despertar nestes dias.

E depois as cores são diferentes, os cheiros são diferentes, e, em Agosto, as temperaturas são diferentes. A paisagem ajuda, o entusiasmo deles também...

É bom acordar assim!

(desta vez fica a foto para marcar o momento)

segunda-feira, agosto 21, 2006

O meu querido Amigo "Fibonacci"

Encontrei esta cartaz, de um amigo...



Já sabe quem é o Professor José Paulo Viana?

O Professor José Paulo Viana é professor de Matemática numa escola secundária de Lisboa.
Entusiasta das matemáticas recreativas e autor da secção semanal “Desafios” no jornal Público, tem sido um excelente divulgador de Matemática através de conferências e sessões em escolas, quer para alunos, quer para professores. A ESEIG tem agora o privilégio de receber o seu memorável espectáculo de Magia.
O Professor José Paulo Viana é, ainda, dinamizador de cursos de formação de professores nas áreas de probabilidades, da resolução de problemas e da utilização das tecnologias gráficas, bem como autor de vários manuais escolares.
Quem tem o privilégio de contactar com ele apercebe-se que o Professor é uma pessoa admirável. A presença dele na ESEIG será, certamente, mágica!


Este reencontro fez-me lembrar as minhas aulas de matemática com o Professor Zé Paulo. A energia com que percorria as carteiras para tirar dúvidas e para aguçar o nosso instinto com os números. As saudades que tenho dos "números da semana" (jogo parecido com o 1º da auto-estrada). As aulas, ou encontros em que se perdia em nos mostrar as suas habilidades com as cartas, pura magia. Ensinava, com o olhar, a brincar com os números, a torná-los parceiros. Foi o primeiro professor a dizer à minha mãe: "- João Filipe?...Ah! o Jofê! Não tenho nada a dizer. " Também terá sido o último. :)

Lembro-me ainda dos jogos de futebol que fez connosco, era guarda-redes. Nunca soube muito bem qual era a sua idade, nem hoje, mas parece ser mais uma qualidade deste senhor que domina os números. No final do secundário, mesmo não sendo nosso professor, levou-nos ao Gerês, terra que ele visita, ou visitava, com frequência.

É das melhores lembranças que tenho do secundário. A cara com um sorriso, a mala cheia de máquinas de calcular, sempre com as novidades...o cabelo e a barba que se foram adaptando à idade...o meu querido amigo "Fibonacci".

Lá terei de ir fazer uma visita à secundária Vergílio Ferreira, matar as saudades.

Os jogos do meu professor.

Engarrafamentos e auto-estradas


Num engarrafamento, por exemplo, não custa nada jogar com as matrículas dos automóveis que vão estando parados imediatamente à frente. Objectivo: com os algarismos da matrícula que está à frente e as quatro operações elementares obter o resultado 24. São os miúdos (e os graúdos) que têm de descobrir que operações têm de fazer. Por exemplo, supondo que a matrícula é 74-45-MN, uma das hipóteses é: 7 menos 5 dá 2; 2 mais 4 são 6; 6 vezes 4 são 24. Todos os números têm de ser usados, mas uma única vez.

José Paulo Viana também sabe outro para a auto-estrada. Cada pessoa escolhe dois totais possíveis. "Quando um carro nos ultrapassa ou ultrapassamos algum, somam-se os dois algarismos de cada par da matrícula". Mais uma vez, se a matrícula for 74-45-MN, essa soma daria 11 (7+4) e 9 (4+5). Quem tivesse escolhido o resultado 9 ou 11 marcaria um ponto quando o carro passasse. Ganha quem chegar primeiro aos 10 pontos. "Este jogo faz com que as auto-estradas sejam mais rápidas. O entusiasmo é normalmente grande."

Se for feito com alguma regularidade, assegura o professor, o primeiros destes dois jogos "desenvolve muito o cálculo mental". O segundo pode ser jogado pelos mais pequenos, já que a única operação é a soma. "Como nem todos os totais têm a mesma probabilidade de aparecer, eles começam a aperceber-se rapidamente de que há uns melhores do que outros. Sem ouvirem sequer a palavra 'probabilidade', começam a adquirir essa noção intuitivamente."

Quando se sai de casa com um determinado destino, pode também ver-se o número marcado no conta-quilómetros do automóvel. Depois, cada um dos ocupantes aposta quantos quilómetros estarão registados no final da viagem, o que implica sempre fazer uma estimativa dos quilómetros do percurso e uma soma. Ganha quem se aproximar mais do total certo.

Outro exercício para desenvolver a questão das estimativas, "que é sempre uma capacidade muito importante", pode ser feito quando se vai com os miúdos e se faz uma despesa. Antes de pagar, cada um faz uma estimativa de quanto vai ser a conta e ganha quem mais se aproximar. Habituar os miúdos a ler e interpretar mapas, horários e tabelas é também uma prática que José Paulo Viana considera altamente recomendável. "Os mapas, por exemplo, obrigam-nos a relacionar muito as coisas". Onde está Lisboa e onde está Évora? Qual é o melhor caminho a seguir se se quiser ir de uma para outra? Que distância vai ser percorrida? Os horários, por seu turno, obrigam-nos a "olhar para aquilo e perceber o que ali está". Ajudam a "desenvolver uma grande capacidade de relacionar variáveis que são fundamentais na Matemática", diz ainda.

segunda-feira, julho 10, 2006

Mais surpresas dos "grandes" do Mundial...

Nem mesmo depois do Mundial acabar (Parabéns Itália!) a FIFA deixa de nos surpreender.

É claro que para um português isto custa muito...

Primeiro: Maniche não ganha o prémio de melhor jogador contra a Holanda porque...levou um cartão amarelo...hmm
Segundo: Ricardo não ganha o prémio de melhor jogador contra a Inglaterra porque...os penalties já não fazem parte do jogo (!!!)
Terceiro: o Ronaldo não ganhou o prémio de melhor jogador jovem porque..."simulou e mergulhou" (mais do que os outros? não devo ter visto este Mundial)
Quarto: Zidane recebe o prémio de melhor jogador do torneio. Posso concluir que o prolongamento também não faz parte das "votações", e que uma das suas qualidades foi o jogo de "cabeça". Vergonha!!!!

Mas nem tudo são más notícias, para além da Itália ter ganho, ou melhor, a França ter perdido... Felizmente a FIFA não votava em tudo e lá ganhámos um prémio, para além dos cartões...

A equipa que melhor jogou no torneio, para os espectadores...
Fico é com uma dúvida...será que os votantes se enganaram, será que pensavam que estavam no site da Federação Internacional de Natação?

quinta-feira, julho 06, 2006

As bandeiras...

Ouvi, como ouvimos todos...

"bandeira na janela é sinal de povo do terceiro mundo"...


Não gosto nada da expressão, mesmo. Não me envergonho dela, mas ainda não me acho tão "desenvolvido" ao ponto de:












Prefiro assim, na nossa moda. Uma bandeira à janela, no estádio...

Heróis sem Taça!

Achei por bem vir apenas agora prestar a homenagem...

Agora, na hora da derrota, porque tenho medo que tenhamos a memória curta. Eu, não tenho, e quem me conhece, sabe bem o quanto os chateei por causa de um Sr. Ricardo.

Não estou contente por ter perdido, muito menos com os franceses (pela terceira vez, é galo). Estou orgulhoso, isso sim, por nos estarmos a habituar a estas andanças. Estamo-nos a misturar com os graúdos.

As expressões do Mundial para a nossa selecção, com as quais concordo (se conhecerem mais, partilhem):
- A selecção que deixou de ser dos "ses";
- Sangue, suor e lágrimas;
- ...

Que volte o sonho a este país de fado.
As (minhas) figuras:














Figo - Es7a7u7o
Maniche - Entrega




C.Ronaldo - Irreverência














Miguel - Raça








R.Carvalho - Classe





Ricardo - Instinto






Scolari - Emoção








11 - União

segunda-feira, julho 03, 2006

Uma Promessa para o futuro...

20.Maio.2006

Há tempo(s) para tudo!

Houve um tempo para a Aventura. Houve um tempo para ser Irreverente. Houve tempo para as Escolhas. Hoje o tempo é de dar o Exemplo.

20.Maio.2006

“O Chefe, que é o verdadeiro herói para os seus jovens, possui uma poderosa alavanca para o desenvolvimento destes, mas ao mesmo tempo assume uma grande responsabilidade” (Baden-Powell in Auxiliar do Chefe Escuta).

Os desafios renovam-se, os ideais mantêm-se distantes, mas presentes...para guiar.

20.Maio.2006

quarta-feira, junho 07, 2006

No fim...o balanço

Já está!

Poderia ter sido épico, poderia ser o "nosso" herói, mas em ano de mundial de futebol, quem se lembraria de elevar mais este português?

...SIC Online - Blogs...

“É certo que numa expedição não controlamos tudo, mas a primeira mensagem é que não abandonamos os nossos, a segunda, é que não desistimos à primeira…”.

”Foi um belíssimo começo, comecei com ‘chave de ouro’, numa montanha muito técnica, isto é a motivação para a minha rapaziada, para gerações vindouras, o princípio de oito cumes, oito expedições,… cinco anos,… a pouco e pouco, vou motivar portugueses…”

”…vamos demonstrar à sociedade que se conseguimos chegar lá acima com tanta dificuldade, com tanta adversidade, com tanto factor que não controlamos, mas conseguimos superar, acho que a sociedade em geral também vai conseguir melhorar, ir mais longe, vai conseguir acordar deste adormecimento (…), quem é que não quer chegar ao topo?...”

domingo, maio 14, 2006

...De Volta!

Sem carne, mas com muito osso, aí está um belo exemplo de como se consegue deixar marcas durante centenas de milhões de anos...

Estremoz, 2006

Cowparade Live

Para quem pudesse duvidar, as vacas mexem-se e não têm mil e uma cores...

Santo Estevão.2006

domingo, abril 02, 2006

CHEGAR SEMPRE UM POUCO MAIS ALTO (mais uma vez)

João Garcia, o português do “Palácio da Neve”

Partiu de novo em busca de mais um cume. Mais um daqueles que parece inatingível, mas mesmo assim ele parte. Inspira-me esta relação/respeito com a montanha.
Sei que partilho esta admiração com muitos, mesmo não sendo alpinista. Penso que todos compreenderão a dificuldade de fazer carreira deste desporto. E num país em que o desporto se centra numa pequena esfera, o João mostra-nos a beleza dos pontos mais altos de outra.

Boa caça, irmão João!

" CHEGAR SEMPRE UM POUCO MAIS ALTO


Foi com muito orgulho que acompanhei a expedição portuguesa ao Pumori, monte vizinho do Evereste, situado nos Himalaias, que desafia as leis da natureza descansando acima dos sete mil metros de altitude. Não pude deixar de ficar boquiaberto com as magníficas paisagens que se tem de um ponto tão alto e mágico. Nem consigo imaginar o que é ser alpinista e chegar onde estes portugueses chegaram. Ultrapassar os nossos próprios limites, e fazê-lo constantemente é inspirador, não só para os que o conseguem mas também para os que estão atentos e se deixam levar pela euforia deste feito.

Talvez seja pelo risco elevado que, por muito que goste de aventura e de paisagens montanhosas, não me veja a escalar os Himalaias ou outros picos semelhantes deste mundo. E nem podia ser, como posso eu querer subir ao ponto mais alto do mundo se não estou preparado para subir a outros de dificuldade inferior. Num texto que li diz que não vale a pena querer mudar o mundo se não começo por me mudar a mim mesmo.

É por isso que vejo os Himalaias como o Homem Novo que quero ser, o meu ideal de vida. Sei que para lá chegar irei ter que me preparar para outras montanhas menores, e assim, passo a passo, vou-me tornando melhor, aumentando o desafio a cada degrau que for subindo.

A ambição deve fazer parte das nossas vidas, mas será prudente não exigir o mundo, porque assim que chegarmos à conclusão da tarefa impossível que nos propusémos, desistir é o nosso próximo passo. “Conta, peso e medida” ou “princípio, meio e fim”, são um bom lema a seguir para o planeamento do rumo que decidirmos tomar.

Só me resta pôr a mochila às costas e descobrir como é bom respirar o ar puro no cimo da “nossa” Serra da Estrela e continuar o meu caminho com o objectivo de chegar sempre um pouco mais alto."

24 de julho 2003

terça-feira, março 28, 2006

Los Hermanos...à escuta

"Moça, olha só o que eu te escrevi

É preciso força pra sonhar e perceber

que a estrada vai além do que se vê"

Os brasileiros Los Hermanos encerraram a digressão nacional com um concerto pragmático na Aula Magna, em Lisboa. Directo e de qualidade irrepreensível, a banda regressou à capital portuguesa. A parceria de estrada com os Toranja saldou-se positiva e cimentou a presença em solo português de uma das mais interessantes bandas canarinhas.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Aniversário no Leste

Tenho um amigo....

este que aceitou pousar comigo. Posição Gémeo siamês. É o nosso xklito (vidadexkilo.blogspot.com)

Ele faz hoje anos e como está longe, ao frio e sem os miminhos da mamã...fica aqui o meu abraço.

Rasta Pasta

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

A Última Mensagem de BP

Caros escuteiros:

Se já vistes a peça Peter Pan, haveis de recordar-vos de como o chefe dos piratas estava sempre a fazer o seu discurso de despedida, porque receava que, quando lhe chegasse a hora de morrer, talvez não tivesse tempo para o fazer. Acontece-me coisa muito parecida e por isso, embora não esteja precisamente a morrer, morrerei qualquer dia e quero mandar-vos uma palavra de despedida.
Lembrai-vos de que é a última palavra que vos dirijo, por isso meditai-a.

Passei uma vida felicíssima e desejo que cada um de vós seja igualmente feliz.
Crei que Deus nos colocou neste mundo encantador para sermos felizes e apreciarmos a vida. A felicidade não vem da riqueza, nem simplesmente do êxito de uma carreira, nem dos prazeres. Um passo para a felicidade é serdes saudáveis e fortes enquanto sois rapazes, para poderdes ser úteis e gozar a vida quando fordes homens.
O estudo da natureza mostrar-vos-à as coisas belas e maravilhosas de que Deus encheu o mundo para vosso deleite. Contentai-vos com o que tendes e tirai dele o maior proveito que puderdes. Vede sempre o lado melhor das coisas e não o pior.

Mas o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes e quando vos chegar a vez de morrer, podeis morrer felizes sentindo que ao menos não desperdiçastes o tempo e fizestes todo o possível por praticar o bem. Estai preparados desta maneira para viver e morrer felizes - apegai-vos sempre à vossa promessa escutista - mesmo depois de já não serdes rapazes e Deus vos ajude a proceder assim.

O Vosso Amigo

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Ao Alcance de um Abraço

Acordei bem cedo naquela manhã, e ao contrário do que faço em casa, onde rebolo e volto a chamar pelo sono, decidi sair da tenda. Assim que senti o dia, fresquinho, a bater-me na cara, sorri e senti-me grato por ali estar. Reparei que o Sol ainda nem sequer tomava conta do céu. Decidi, então, voltar à tenda, com o maior cuidado tirei a minha máquina fotográfica e saí de novo. Pus-me a caminho, queria encontrar o melhor lugar para poder ficar com o nascer do Sol bem guardado. Para o poder visitar sempre que quisesse.

Que silêncio, nem sequer o vento se tinha levantado. Tudo dormia, e era saboroso explorar assim o mundo exterior. Ouvi ao longe, mas só ao longe, o canto duns pássaros. “Sou eu, hoje, quem vem despertar o mundo. Sou eu que venho dar a boa nova de mais um dia que está a nascer”. Por fim, encontrei o sítio perfeito. Sentei-me, tirei a máquina da bolsa e olhei à minha volta. Como é bom comtemplar o que nos foi oferecido. Não resisti, premi o botão várias vezes, acabei por querer guardar um pouco mais do que o nascer do Sol. Talvez o nascer do dia. Mas estava a chegar o momento que esperava. O céu estava ainda muito claro e o Sol começava, finalmente, a espreguiçar-se. Os primeiros raios, e eu ali, bem acordado. Vi-o erguer-se aos poucos. Parecia fazer o que nós fazíamos. Lavava a cara, tomava o pequeno almoço, lavava os dentes e por fim...ao trabalho. A encher o espaço azul por cima de mim. Quase o podia tocar, parecia estar mesmo ali, ao alcance da minha mão. No entanto, é enorme a distância que nos separa. Penso na quantidade de coisas que estão entre mim e o Sol. Uma lista sem fim.

Lembrei-me dos meus irmãos escuteiros que tinham ficado na tenda. De certeza a aproveitar as maravilhas do mundo dos sonhos. Tinha sido longo o dia anterior. Era merecido o descanso. O descanso dos guerreiros. Senti-me cheio de sorte por poder percorrer aqueles trilhos com eles, por ter bebido a água no mesmo rio que eles, por tê-los ali, tão perto, ao alcance da minha mão. Pensei quantas vezes já nos tínhamos sentido distantes, assim como as estrelas. Que vontade que tinha de lhes dizer que tinha orgulho em usar o mesmo lenço que eles, que tinha orgulho na nossa amizade. Arrumei a máquina, dei o bom dia ao mágico astro que me acordava todas as manhãs, com a excepção de hoje.

Cheguei de novo ao pé da tenda, onde ainda reinava o silêncio. Mais uma vez, com cuidado, retirei agora a viola. Comecei a tocar baixinho, só para chamar a música. Esperei. Passei depois para uma canção que tínhamos feito juntos. Veio a resposta, o amanhecer. Soltavam-se as vozes ensonadas, mas cheias de vontade de dar, também elas, um bom dia. Chegou o refrão com a energia do costume, era o derradeiro esticar de braços. Em breve saíram todos da tenda.

Sei que somos todos diferentes, que precisamos das distâncias para podermos crescer livres. Mas na amizade é assim mesmo, como o Sol, estar todos os dias lá para dar o bom dia, para acordar tudo o que está à nossa volta, mesmo quando nós não reparamos. É estar ao alcance de um abraço e saber que de vez em quando, se trocam os papéis.

Coruja Bem Disposta






Serra do Açor, 2002

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

...E o Amor é...

Tema que anda ao rubro, talvez por tudo o que esta semana traz à tona.
Todos dizem que não são entendidos, uns porque não tiveram sorte no Amor, outros porque nunca o sentiram. O que é certo é que cada um tem a sua explicação.

Segundo os cientistas, são substâncias químicas que o nosso organismo produz em resposta a estímulos exteriores. Estas são as explicações que mais gosto, é que assim ficamos todos felizes. Temos diferentes "quantidades" dessas substâncias e todos somos estimulados de maneiras diferentes, por isso, tudo se explica, é uma maravilha a Ciência, até no amor!

Para os comuns existe Paixão, um amor verdadeiro, mas do momento, uma coisa de calores. Outros, mais românticos de certo, dizem que é o que nos liga ao nosso(a) parceiro(a) (os laços), um pouco mais racional que o anterior.

..E então o que é verdadeiramente o Amor? Por muito que me expliquem, por muito que me "vendam", terão todos razão. Aceito facilmente todas as conclusões sobre o tema em estudo. Cada um na sua...e eu na minha...porque para mim...

" o Amor é uma casa
onde eu quero morar"

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Antes de Amarte, Amor


Antes de amarte, Amor, nada era mío,
Vacilé por las calles y las cosas,
Nada contaba ni tenía nombre,
El mundo era del aire que esperaba.

Yo conocí salones cenicientos,
Túneles habitados por la luna,
Hangares crueles que se despedían,
Preguntas que insistían en la arena.

Todo estaba vacío, muerto y mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Todo era inalienablemente ajeno,

Todo era de los otros y de nadie,
Hasta que tu belleza y tu pobreza
Llenaro el Otoño de regalos.

Pablo Neruda

terça-feira, janeiro 31, 2006

Aos Amigos!

Não os tenho ao desbarato, mas a vida tem sido generosa comigo. Dá para ficar um tempo a contá-los pelos dedos. Falo daqueles que dá para ficar um tempo, daqueles a quem as mãos apertam com força, a quem os braços puxam para mais perto. Perco-me em lembranças, por causa daqueles que já o foram um dia. Alguns já o Tempo não traz, outros...ainda aparecem para os abraços, para recordações, mas depois...cada um para o seu novo mundo.
Dos que ficam, nem todos têm a mesma importância, como seria óbvio. É bom quando estas importâncias estão definidas. Comparando-me com uma máquina, os amigos são as peças que me fazem mexer. É preciso ir fazendo umas actualizações, umas adaptações. Assim, tenho peças que servem para me ajudar a andar, outras para acenar ou para rir. Tenho outra que me dá a volta à barriga, que faz bater o coração e...que não me sai da cabeça. São os melhores amigos estes.

Mas...há sempre um mas, é preciso ir oleando as peças, uma por uma. Bem sei que não é fácil, que dá trabalho, mas é a vida (e é mesmo). Por isso, hoje dou atenção a umas, amanhã a outras, e por aí fora. Às vezes esqueço-me, confesso. Depois, até parece que custa, como se estivesse ferrugenta. O pior é mesmo quando deixamos que algumas acumulem esforço, mas para tudo há solução. Mesmo para os nós nas articulações.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Sempre as estrelas...

Às vezes as noites chegam sem avisar. Não sei se é porque o Sol se põe depressa ou se é porque bebemos o dia de um só trago. Seja qual for a razão, o céu já estava pintado de negro e cheio de estrelas. A presença de algumas era reconfortante e o brilho suficiente para uma orientação segura. As outras, por humildade, mantiveram-se à distância, mas sempre presentes.
A madeira estava pronta, ao centro, à espera do fogo. Ao redor estávamos nós, as crianças dos sorrisos rasgados, os jovens dos sonhos e os adultos das decisões. Chegaram ainda os magos, domadores das chamas e da Lua. Rodearam a fogueira que com o entusiasmo se lançou aos céus, em busca das estrelas.
A noite começou a ficar quente e as distâncias a desaparecer. Seríamos um só corpo. Uma só criança, que decidia seguir os sonhos com um sorriso. O círculo estava-se a fechar.
olhos de água, 2005
À nossa frente passavam agora os dias com todas as emoções que os encheram e que nos deram sede. As frases soltaram-se, eram os magos a pedir uma inspiração divina. As estrelas desceram para as podermos tocar, mesmo as mais distantes. Éramos mais do que um corpo. Éramos, também, o espaço que nos envolvia. O círculo apertava-se, como abraços de um amigo distante.
A emoção começava agora a concentrar-se cada vez mais no centro. A imagem de infinito que tínhamos do espaço perdia-se...pois era quase possível tocar-lhe os limites. No entanto, era ainda tudo o que conhecíamos e pertencíamos. Tornámo-nos numa esfera extremamente pequena e densa, tal como noutros inícios. Era como se de um novo Big Bang se tratasse. O círculo tinha demasiada energia concentrada, estava eminente a sua libertação.
Desfez-se...e pelo espaço, que agora se expandia novamente, via-se o nascer de novas estrelas, com um brilho vítreo, próprio de uma vida no seu novo estado de forma. O círculo tinha-se dispersado.
olhos de água, 2005

Lá em baixo, na nova Terra, via-se gente em busca de madeira. Viam-se os mesmo sorrisos rasgados, os mesmos sonhos e a mesma necessidade de decidir. Lá em baixo, na Terra, crescia a vontade de fazer uma nova fogueira e de criar, à sua volta, um novo círculo. A única certeza era de que este novo princípio levaria a um novo fim, mas que desse fim ressurgiria uma nova fogueira, sob a influência das estrelas.