segunda-feira, agosto 21, 2006

Os jogos do meu professor.

Engarrafamentos e auto-estradas


Num engarrafamento, por exemplo, não custa nada jogar com as matrículas dos automóveis que vão estando parados imediatamente à frente. Objectivo: com os algarismos da matrícula que está à frente e as quatro operações elementares obter o resultado 24. São os miúdos (e os graúdos) que têm de descobrir que operações têm de fazer. Por exemplo, supondo que a matrícula é 74-45-MN, uma das hipóteses é: 7 menos 5 dá 2; 2 mais 4 são 6; 6 vezes 4 são 24. Todos os números têm de ser usados, mas uma única vez.

José Paulo Viana também sabe outro para a auto-estrada. Cada pessoa escolhe dois totais possíveis. "Quando um carro nos ultrapassa ou ultrapassamos algum, somam-se os dois algarismos de cada par da matrícula". Mais uma vez, se a matrícula for 74-45-MN, essa soma daria 11 (7+4) e 9 (4+5). Quem tivesse escolhido o resultado 9 ou 11 marcaria um ponto quando o carro passasse. Ganha quem chegar primeiro aos 10 pontos. "Este jogo faz com que as auto-estradas sejam mais rápidas. O entusiasmo é normalmente grande."

Se for feito com alguma regularidade, assegura o professor, o primeiros destes dois jogos "desenvolve muito o cálculo mental". O segundo pode ser jogado pelos mais pequenos, já que a única operação é a soma. "Como nem todos os totais têm a mesma probabilidade de aparecer, eles começam a aperceber-se rapidamente de que há uns melhores do que outros. Sem ouvirem sequer a palavra 'probabilidade', começam a adquirir essa noção intuitivamente."

Quando se sai de casa com um determinado destino, pode também ver-se o número marcado no conta-quilómetros do automóvel. Depois, cada um dos ocupantes aposta quantos quilómetros estarão registados no final da viagem, o que implica sempre fazer uma estimativa dos quilómetros do percurso e uma soma. Ganha quem se aproximar mais do total certo.

Outro exercício para desenvolver a questão das estimativas, "que é sempre uma capacidade muito importante", pode ser feito quando se vai com os miúdos e se faz uma despesa. Antes de pagar, cada um faz uma estimativa de quanto vai ser a conta e ganha quem mais se aproximar. Habituar os miúdos a ler e interpretar mapas, horários e tabelas é também uma prática que José Paulo Viana considera altamente recomendável. "Os mapas, por exemplo, obrigam-nos a relacionar muito as coisas". Onde está Lisboa e onde está Évora? Qual é o melhor caminho a seguir se se quiser ir de uma para outra? Que distância vai ser percorrida? Os horários, por seu turno, obrigam-nos a "olhar para aquilo e perceber o que ali está". Ajudam a "desenvolver uma grande capacidade de relacionar variáveis que são fundamentais na Matemática", diz ainda.

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